sábado, 8 de junho de 2013

"Elefante Branco" de Pablo Trapero

                                       
Elefante branco é "uma expressão idiomática para uma posse valiosa da qual seu proprietário não pode se livrar e cujo custo (em especial o de manutenção) é desproporcional à sua utilidade ou valor. O termo é utilizado na política para se referir a obras públicas sem utilidade."
No filme dirigido por Pablo Trapero, "Elefante Branco" é o nome dado a uma favela - em Villa Virgem, periferia de Buenos Aires - a qual se formou ao redor das ruínas de um prédio que deveria vir a ser o maior hospital da América Latina. Após ter sua construção interrompida, o prédio abandonado torna-se alvo de invasões e principalmente local de reunião de jovens viciados em crack.
A trama traz como protagonistas os padres Julián e Nicolás e a assistente social Luciana. Estes trabalham em um projeto naquela comunidade com o objetivo de construir ali moradia para aqueles necessitados, com refeitório, creche, capela e sala de primeiros socorros. Arriscando suas próprias vidas, estes lutam no sentido de levar cidadania e dignidade àquela população. Julián, Nicolás e Luciana buscam, além de mobilizare as obras, retirar crianças e adolescentes do mundo das drogas e da criminalidade.
A implementação desse projeto se dá como uma luta diária, e eles encontram resistência na rivalidade entre os traficantes, na polícia, no poder público e na própria Igreja.
O poder público, frequentemente pressionado pela assistente social Luciana, relutava em fornecer recursos para o pagamento dos funcionários da obra. Esse poder tão ausente, se manifestava por vezes através do uso da força.
Ameaças constantes do narcotráfico, pressões e brutalidade da polícia, "ausência" do governo e hesitação dos outros membros da Igreja sobre até que ponto insistir nesse projeto. Esses são elementos do cenário em que se colocam nossos personagens.
Estes, além de lidar com os problemas sociais tão numerosos e alarmantes, vêem esses problemas se juntarem aos seus problemas individuais - se manifesta em todos, em algum momento, a vontade desistir.

O filme acaba com a morte violenta do padre Julián, morto pela polícia, mas não dá indícios dos rumos que o projeto tomaria após o fato. "Elefante Branco" é dedicado a Carlos Mugica, "assassinado em 1970 por um grupo de direita do governo peronista, certamente como conseqüência de sua atuação no Movimento dos Sacerdotes para o Terceiro Mundo", um padre e ativista comprometido com as lutas populares.