Elefante branco é "uma expressão idiomática para uma
posse valiosa da qual seu proprietário não pode se livrar e cujo custo (em
especial o de manutenção) é desproporcional à sua utilidade ou valor. O termo é
utilizado na política para se referir a obras públicas sem utilidade."
No filme dirigido por Pablo Trapero, "Elefante
Branco" é o nome dado a uma favela - em Villa Virgem, periferia de Buenos
Aires - a qual se formou ao redor das ruínas de um prédio que deveria vir a ser
o maior hospital da América Latina. Após ter sua construção interrompida, o
prédio abandonado torna-se alvo de invasões e principalmente local de reunião
de jovens viciados em crack.
A trama traz como protagonistas os padres Julián e Nicolás e
a assistente social Luciana. Estes trabalham em um projeto naquela comunidade
com o objetivo de construir ali moradia para aqueles necessitados, com
refeitório, creche, capela e sala de primeiros socorros. Arriscando suas
próprias vidas, estes lutam no sentido de levar cidadania e dignidade àquela
população. Julián, Nicolás e Luciana buscam, além de mobilizare as obras,
retirar crianças e adolescentes do mundo das drogas e da criminalidade.
A implementação desse projeto se dá como uma luta diária, e
eles encontram resistência na rivalidade entre os traficantes, na polícia, no
poder público e na própria Igreja.
O poder público, frequentemente pressionado pela assistente
social Luciana, relutava em fornecer recursos para o pagamento dos funcionários
da obra. Esse poder tão ausente, se manifestava por vezes através do uso da força.
Ameaças constantes do narcotráfico, pressões e brutalidade
da polícia, "ausência" do governo e hesitação dos outros membros da
Igreja sobre até que ponto insistir nesse projeto. Esses são elementos do
cenário em que se colocam nossos personagens.
Estes, além de lidar com os problemas sociais tão numerosos
e alarmantes, vêem esses problemas se juntarem aos seus problemas individuais -
se manifesta em todos, em algum momento, a vontade desistir.
O filme acaba com a morte violenta do padre Julián, morto
pela polícia, mas não dá indícios dos rumos que o projeto tomaria após o fato.
"Elefante Branco" é dedicado a Carlos Mugica, "assassinado em
1970 por um grupo de direita do governo peronista, certamente como conseqüência
de sua atuação no Movimento dos Sacerdotes para o Terceiro Mundo", um
padre e ativista comprometido com as lutas populares.