Analisar
um gráfico pode parecer uma tarefa fácil e corriqueira, mas ai está um engano.
Para tal exercício, é preciso saber o contexto no qual as informações por ele
dadas estão inseridas, do que exatamente se tratam aqueles números. Os últimos
demonstram muito mais do que apenas porcentagens, demonstram uma realidade que
deve ser analisada com atenção.
Temos por atividade obrigatória da matéria de Técnicas
Interventivas a análise de um gráfico. Escolhemos um gráfico referente ao Orçamento
Geral da União do ano de 2012 por acharmos que nele estão inseridas informações
frutíferas para a reflexão no campo do Serviço Social, visto que as políticas
sociais estão inseridas nesse citado Orçamento.
As informações depreendidas são muitas, mas iremos nos
focar no que tange à área social e seus desdobramentos para a vida da classe
trabalhadora.
É com Fernando Henrique Cardoso que o projeto neoliberal
chega com força ao Brasil. O projeto do capital é implementado no país. A
diminuição dos gastos sociais é exponenciada, a exploração do trabalho é
acentuada, a classe trabalhadora tem suas condições gerais de vida precarizadas.
Os direitos dos trabalhadores, conquistados através de lutas, são retirados em
prol de uma acumulação e lucratividade maior ao capital.
Esse capital, aliás, tentando retomar a lucratividade dos
seus “anos de ouro” acaba por se mover em uma nova esfera de valorização, a
financeira. Essa esfera anteriormente citada nada cria, apenas especula em
relação aos lucros presentes e futuros da esfera produtiva. A esfera produtiva
é, então, pressionada, o que quer dizer, os trabalhadores o são, tendo que ser
cada vez mais produtivos em menor tempo e custando menos.
O Estado também cumpre seu papel, pois remunera esse
capital especulativo. Os grandes capitalistas (leia-se, um grupo que não chega
nem a 300 pessoas no mundo) compram títulos da dívida pública e Letras do
Tesouro Nacional dos Estados (não há limites de soberania perante a
globalização), apostando em um lucro no menor período de tempo possível. Essa é
a dívida pública, remunerada com os juros.
Assim, sem nos aprofundarmos, visto que o assunto vai
além do que queremos explicitar, vemos que o Estado se torna responsável pela
lucratividade do grande capital. Os quase 44% do orçamento da união, fruto de
arrecadações diretas e indiretas sobre a população, vai diretamente para o
pagamento da dívida e para amortizá-la. Isso acaba por trazer reflexos à parte
do orçamento que nos interessa: a parte do social.
Os números referentes à seguridade social são
vergonhosos, especialmente os da saúde e da assistência. O que está previsto na
Constituição Federal não é cumprido, e nem os mínimos necessários são previstos
no orçamento. O último não pode ser alterado à livre vontade dos governantes,
mas por mecanismos como a Desvinculação de Receitas da União e a necessidade de
geração do Superávit Primário, o orçamento pode ser alterado. O que
presenciamos é que isso é feito com o orçamento referente á seguridade, que tem
seus já poucos recursos desvencilhados para o pagamento da dívida (mas não
explicitamente, pois não há divulgação do que é feito).
Além disso, cultura e educação tem investimentos baixos,
pois não é interessante levar informação ao povo. Habitação e saneamento básico
também não são expoentes, o que tem rebatimentos na saúde e nas condições de
vida da população, especialmente dos segmentos mais pobres.
Podemos perceber que é o trabalhador quem paga o ônus da
lucratividade do capital. A compreensão dessas informações é importante aos
alunos de Serviço Social, pois os assistentes sociais são defrontados
diariamente pelos agravos da questão social que se dão nessa dinâmica, sendo
necessário o entendimento dela e do jogo de interesses no qual as políticas
sociais estão envolvidas.
Bibliografia:
IAMAMOTO, M. V. Serviço Social em tempo de capital fetiche.
São Paulo: Cortez, 2007.
Dívida Pública consome R$ 753 bilhões do orçamento. Em: http://executivamess.wordpress.com/2013/02/17/divida-publica-consome-r-753-bilhoes-do-orcamento
Dívida Pública consome R$ 753 bilhões do orçamento. Em: http://executivamess.wordpress.com/2013/02/17/divida-publica-consome-r-753-bilhoes-do-orcamento
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